A situação das empresas portuguesas no que diz respeito aos investimentos e à capitalização foi o tema do quarto estudo do Projeto Sinais Vitais, que o Marketing FutureCast Lab está a desenvolver em parceria com a CIP – Confederação Empresarial de Portugal. Neste trabalho, em que participaram 1.034 empresas de todas as dimensões e dos diversos setores de atividade, verifica-se que esta questão preocupa muito os empresários portugueses, ainda sem capacidade para prever o que o futuro lhes reserva.
Esta semana verifica-se a retoma de atividade por parte de mais algumas empresas, em comparação com o que acontecia no estudo anterior. De facto, 56% das empresas participantes estão já em pleno funcionamento (mais 3% do que na semana anterior), a que se juntam mais 38% em funcionamento parcial (mais 1%).
Já no que respeita a investimentos e capitalização, um dos primeiros temas apresentados aos empresários e gestores de topo participantes neste estudo teve que ver com os apoios que as empresas estão a receber. A conclusão imediata é que esses apoios, sejam do Estado português ou da União Europeia, são considerados insuficientes. Assim, 80% dos inquiridos afirmam que as medidas do Governo ficam “aquém” (57%) ou “muito aquém” (23%) das necessidades. Esse valor tem vindo a baixar muito ligeiramente ao longo das últimas semanas, mas continua bastante negativo.
Relativamente aos apoios da União Europeia, que esta semana foram pela primeira vez avaliados, as opiniões são menos penalizadoras: 56% dos inquiridos consideram esses apoios pouco ou nada adequados, sendo que apenas 5% os consideram adequados.
Em termos dos investimentos que as empresas portuguesas previam fazer em 2020, antes do início da pandemia e da crise económica que dela resultou, a intenção focava-se maioritariamente no aumento da capacidade produtiva (25,7%), nas instalações (16,1%) e na inovação de produtos e processos (13,9%). No entanto, com o advento da Covid-19, verifica-se que na esmagadora maioria dos casos esse planeamento não deverá ser cumprido, já que apenas 18% das empresas afirmam pretender manter a totalidade do investimento previsto, enquanto 40,3% prevêem a necessidade de o reduzir. Pela negativa, quase 42% dos inquiridos deverão suspender ou cancelar totalmente os investimentos este ano, em especial na área da capacidade produtiva (39%) e das instalações (29%).
Observando por dimensão das empresas, a suspensão ou cancelamento total do investimento é uma realidade mais referida pelas microempresas (52%), enquanto, em contrapartida, a manutenção dos investimento previstos é uma intenção sobretudo das médias empresas (23%).
Os principais fatores com peso na decisão de adiar ou cancelar o investimento por parte das empresas são as perspectivas económicas negativas (consideradas como “importantes” ou “muito importantes” por 83% dos inquiridos) e a redução das encomendas (80%).
Finalmente, 83% das empresas participantes pretenderiam recorrer a instrumentos de capitalização (fundo perdido, capital de risco e/ou instrumentos quase-capital), mas considerariam igualmente importantes os benefícios fiscais ao investimento (62%) e o reforço das linhas de crédito (35%).