Mais de 400 pessoas assistiram, presencialmente e através da transmissão por streaming, à conferência How AI is Changing Management, uma organização do Management & Marketing FutureCast Lab realizada no auditório do ISCTE Executive Education, em que diversos especialistas discutiram a evolução meteórica que a Inteligência Artificial (IA) tem registado nos últimos tempos e o impacto que esta tecnologia terá na atividade empresarial.
A primeira apresentação coube a Luiz Moutinho, professor de diversas universidades internacionais e mentor do FutureCast Lab. No seu estilo disruptivo, o académico baseou-se na pergunta “Will AI take over management?” para falar das muitas consequências que a IA terá no funcionamento das organizações.
A intervenção seguinte coube a João Guerreiro, professor de marketing do ISCTE-IUL, com o tema “Empowering the Future Leaders: Leveraging the Power of AI in Management Education”. O docente centrou a sua atenção na forma como o ensino, em especial na área da formação de executivos, terá de se adaptar às novas realidades resultantes da inteligência artificial, mormente devido à democratização das soluções de inteligência artificial generativa – como o ChatGPT e as outras soluções do género que têm vindo a surgir.Rogério Canhoto, Chief Business Officer da empresa de software de gestão PHC, ocupou o palco a seguir, com a temática “Next Level – Transforming your Business for the Digital Age”. Segundo o gestor, a inteligência artificial está a trazer maior competitividade entre as empresas num mundo cada vez mais digital, pelo que as empresas que souberem tirar maior partido desta tecnologia, independentemente da sua dimensão, estarão sempre mais bem colocadas para atingir o sucesso.
A segunda parte da conferência foi preenchida por um painel dedicado ao tema Experiências e Expetativas, moderado por Pedro Dionísio e que contou com a participação de Rogério Canhoto, CBO da PHC, Daniel Ruivo, CEO e founder da Altar.IO, Ricardo Gonçalves, diretor do Centro de Inteligência Artificial & Analítica da Fidelidade e Tiago Mateus, diretor coordenador da Direção de Customer Intelligence do Millenniumbcp.Sobre o rumo que a IA vai tomar no futuro, os participantes no painel levantaram diversas questões relevantes. Rogério Canhoto manifestou algumas preocupações sobre a forma como as pessoas vão reagir à implementação generalizada da inteligência artificial. “Vamos ver crescer a bipolaridade, o antagonismo entre os entusiastas da IA e os mais prudentes. Mas a evolução não vai parar, como podemos avaliar pela quantidade de ferramentas que surgem todas as semanas. Teremos de nos adaptar à mudança, tanto no aparecimento de novas funções (como os especialistas e IA generativa e os eticistas, por exemplo) como de novos modelos de negócio”, afirmou.
Ricardo Gonçalves, por sua vez, salientou a necessidade de pensar nas pessoas. “O futuro passa por escalar. O ChatGPT demonstrou que uma mesma tecnologia, a uma escala maior, permite revolucionar tudo. No entanto, devemos ter cuidado para manter o ser humano no centro de todo o processo, sob pena de, adotando a inteligência artificial, perdermos a humanidade”, desenvolveu.
Na visão de Tiago Mateus, será necessário criar um mindset top-down muito forte, para investir nas novas tecnologias. “As empresas que pretendem desenvolver soluções ligadas à IA devem estar conscientes de que devem implementar uma política eficaz de captação e retenção de recursos e de que precisam de definir prioridades e de se adaptarem à inovação. Sem isso, por muito grande que seja a vontade, será difícil alcançar o sucesso”, afirmou o responsável do Millenniumbcp.
Curiosamente, foi Daniel Ruivo, CEO de uma empresa vocacionada para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, aquele que relevou mais as implicações que a IA poderá ter na sociedade. “Aquilo a que estamos a assistir é muito superior à internet. Será, até, mais disruptivo do que a Revolução Industrial. Por outro lado, a IA não é o futuro – está já a acontecer. Vamos assistir a um salto enorme e ainda não sabemos como a economia vai reagir. Há economistas que afirmam que dentro de quatro anos a IA pode substituir 50% dos empregos atualmente existentes. Como será a sociedade caso isso venha a concretizar-se?”, questionou, a terminar, o founder da Altar.IO.